Entrevista – Diretora Edna Maria - 23/08/2010

Débora:  bom dia, meu nome é Débora, estamos aqui com a Diretora D. Edna, hoje é dia vinte e três de agosto de 2010, estamos aqui com o Davi, a Bruna e a Lisiane. Dona Edna, qual é a sua principal função aqui como diretora?
Edna: a função do diretor dentro da escola é articular todos os seguimentos, no aspecto pedagógico, no aspecto didático, professores e funcionários, na busca do desempenho da equipe e um bom resultado, em termos da busca do ensino de qualidade. Então o diretor, basicamente, ele tem que fazer executar a legislação, ele tem que permitir e articular a comunidade de forma que nos consigamos trabalhar de acordo com as metas, os objetivos, propostos, tanto pelo Centro Paula Souza, quanto pelas metas estabelecidas aqui na própria escola. Então toda vez que a gente identifica uma situação problema, algo que não esteja tão bom ou algo que esteja bom, mas que possa melhorar, automaticamente o diretor já coloca isso lá no seu planejamento, que é o planejamento da escola e aí são desenvolvidas ações pra que essa situação possa reverter num fato positivo. Então se nós formos resumir a função do Diretor é basicamente articular, organizar e comandar a equipe escolar pra obter bons resultados dentro da escola.
Débora:  quais são os principais fatores ou mudanças ocorridas aqui na escola técnica?
Edna: olha, mudanças, eu digo que acontece todo dia, porque a escola é muito dinâmica, então todo dia nós temos uma orientação nova, nós temos um fato novo e que faz com que o próprio dinamismo da escola acabe incorporando esse fato e que isso comece a fazer parte do dia-a-dia. Alguns fatos que podem ser citados como marcantes nos últimos dois, três anos da escola. O fato de nós termos conseguido autorização pra início das obras de ampliação da escola é algo que tem que ser enaltecido sempre, porque a partir daí que a gente pensa na concepção de uma nova escola no sentido físico (maior, com maiores recursos), e que isso reverta, evidentemente, numa melhoria do ensino. Algo que também pode ser citado, que eu acho é importante, principalmente no âmbito do ensino médio, é que vocês, pelo primeiro ano, em 2009, foi o primeiro ano que vocês fizeram o SARESP, vocês não, porque ainda dão uma turma em andamento, mas foi o primeiro ano em que a Escola Técnica participou do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. Isso também é algo que a gente coloca como algo evidente, e que vocês, a Escola Técnica, mais uma vez ficou dentre as melhores, acima da média das escolas estaduais e acima da média das escolas do Centro Paula Souza. É algo também válido. Outra coisa que nos deixa também muito feliz e que deve ser colocado é o fato de nós termos conquistado o primeiro lugar no ENEM, dentre as públicas e privadas no ano de 2008 e recebemos um troféu do ENEM no ano de 2009 como o primeiro lugar. Esse troféu, se vocês ainda não viram está aqui dentro da secretaria, é um troféu muito bonito que é a primeira colocação no ENEM, que foi uma gentileza do Instituo IBTA que organizou juntamente ao Centro Paula Souza a premiação dessas escolas. Lógico, sempre tivemos bons desempenhos, sempre ficamos entre primeiro e segundo lugar, mas nesse ano de 2009 especificamente, foi feito uma cerimônia, formalizando esses ganhadores e nós trouxemos um troféu pra casa. Algo também que é bom salientar são mudanças que ocorreram na escola em termos de amplitude, hoje nós temos o Ensino Médio com três salas de cada série, até o ano passado foram os últimos quarenta, agora nós somos os primeiros cento e vinte. Ou seja, a própria ampliação do Ensino Médio é algo que, primeiro: enaltece o trabalho dos professores e da entidade Centro Paula Souza. Todos nós sabemos que o Centro Paula Souza é uma autarquia voltada para o ensino profissionalizante e a partir do momento em que o ENEM, os resultados no ENEM, os resultados nas avaliações formais começaram a se mostrar favoráveis, o Paula Souza começou a entender que era o momento de começar a ampliar também os ensinos médios nas suas diversas ETECs. Acho que isso também é um fato relevante. Hoje nós temos três turmas, cento e vinte alunos que demonstra esse reconhecimento do ensino voltado também pro ensino médio e não apenas o profissionalizante. Diante disso aumentou o número de professores, aumentou o número de funcionários, vocês podem perceber, que do momento que vocês entraram aqui em 2008 até agora, vocês viram que a escola cresceu. Fisicamente ela está crescendo, em termos de recursos humanos, muita gente, vocês percebem uma transformação e daqui a pouco estará maior ainda. Esse é um fato importante para nós relatarmos. Nós temos os cursos técnicos, onde muitos alunos são requisitados para os estágios, as empresas, todos os dias tem gente pedindo alunos da Escola Técnica. Isso veio crescendo gradativamente. Há um tempo nós não tínhamos tantos alunos estagiando, talvez porque nós estivéssemos ainda construindo essa identidade em termos de formação técnica. Hoje nós temos um grande contingente de alunos que saem daqui já empregados praticamente, e outros que já saem com a experiência do estágio, porque é difícil para vocês jovens chegar numa empresa e dizerem que nunca tiveram experiência, e o estágio de certa forma possibilita essa fala: “Olha, eu já conheço determinada área porque já estagiei nesse setor”. Acredito então que esse reconhecimento em termos de crescimento e oportunidades dada aos nossos alunos também é um fato que vem gradativamente nos últimos anos se ampliando. Os resultados são sempre bons e nós a cada ano estamos conseguindo superar esses índices. Sempre existe um crescimento, as vezes pequeno, as vezes um pouquinho mais expressivo, mas sempre esse crescimento está acontecendo em termos de avaliação institucional. Esse também é um trabalho gradativo e que tem seus reflexos nos últimos anos. O próprio SARESP, o próprio ENEM, a cada ano nós temos o maior número de alunos que conseguem entrar nas públicas porque conseguem um bom resultado nessas avaliações estaduais, federai, que de certa forma privilegiam aqueles que se destacam. Então se formos pensar nos últimos três anos, um período médio-curto, nós temos esses fatos que destacam, toda essa amplitude, dinâmica que está nos projetando cada vez mais na sociedade lemense e dentro de um aspecto estadual como um todo.
Débora: e há quanto tempo a senhora está na função de Diretora?
Edna: eu estou aqui há um ano e meio, estou na função de Diretora desde março de 2009. Completei um ano agora em março e se Deus quiser a gente fecha até 2012.
Débora:  e como a senhora entrou aqui? Como professora ou como um cargo na secretaria, de que forma?
Edna: eu ingressei aqui no Centro Paula Souza como professora e comecei aqui nesta ETEC. Depois eu fui prestada pra ETEC de Pirassununga, porque lá não existia ETEC. A minha função foi r pra lá pra conseguir conciliar (aqui era a sede e lá era uma extensão). Agora lá já é uma escola própria, mas naquele período eu fui designada pra assumir a função de Coordenadora de Implantação da ETEC. Fiquei lá pelo período necessário, até que estivesse devidamente estruturada, depois voltei pra cá e assumi a Direção da escola.
Débora:  e que matéria a senhora lecionava quando entrou aqui?
Edna: eu entrei pelo curso de Administração, então eu lecionava algumas matérias como Gestão da Produção, Gestão de Materiais, Planejamento Estratégico, e lecionei também no curso de Informática com a disciplina de Gestão de Cidadania e Qualidade e trabalhei com projetos no Ensino Médio também.
Débora: e, na contratação de professores, o que mudou?
Edna: na contratação de professores não mudou nada. Hoje o professor só entra pra dar aula aqui a partir do momento que passe por um concurso público. O que mudou é que hoje nós temos duas fases de concurso: a primeira é um Docente, um concurso que não garante a efetivação do professor. Quando nós precisamos de professor e não existe a aula livre, que é um termo bastante operacional, nós oferecemos a aula em substituição, por exemplo, a mim, Edna, eu sou professora e estou Diretora. Alguém está me substituindo. Mas ele não é o detentor das minhas aulas. Então o concurso público se dividiu, dentre aquele professor que entra pra substituir alguém que está numa função administrativa temporariamente, mas que não cria um vínculo diretamente com a escola. E um outro concurso é onde existe a aula, ninguém é detentor da aula, o professor entra, presta o concurso e automaticamente ele vai. Em ambas as situações o professor passa por uma seleção. Então não existe mudança, existe só critérios diferentes quando se atribui uma aula a um determinado professor.
Débora: a senhora admira a relação entre os alunos e funcionários aqui da ETEC? O que em especial a Escola Técnica tem, qual o diferencial que ela tem pra que haja realmente essa afinidade?
Edna: olha, a relação entre nós (quando digo nós estou me referindo a alunos, professores, funcionários) é algo realmente de ser admirado, porque nós temos um calor humano, a gente pensa em vocês, vocês pensam a gente, e isso só se constrói com muito respeito. A medida em que nós respeitamos vocês e vocês nos respeitam, a gente adquire essa relação de parceria. Então eu digo que hoje, a escola tem uma relação de parceria. Todos são parceiros, todos ajudam todos. Evidentemente que nós não temos o consenso, em algum momento a gente tem divergência, conflito e isso é necessário. Imagine uma escola em que todos concordam com tudo, um fala e outro “amém”... Nós temos os nossos conflitos, nossas divergências, mas esse clima de amizade se constrói a partir do respeito. Então isso é algo que a gente se sente orgulhoso, saber que todo mundo se respeita, se admira e que apesar da gente nunca contentar a todos nas suas particularidades, a gente constrói isso a partir do respeito.
Débora: e agora, conte pra gente alguns fatos engraçados...
Edna: algo pitoresco?
Débora: isso!
Edna: acho que vocês, nesse aspecto, fatos pitorescos, vocês devem conversar com todos os funcionários, tem alguns que estão há mais tempo, temos a Andréia, a Patrícia, desde que a escola surgiu... A Daniela, o Seu Antônio, que realmente é uma história viva da escola, o Seu Antônio. Fatos que nós conseguimos lembrar, mais recentes...
Edna: o acampamento dos alunos formandos de 2008, que resolveram fazer um acampamento mas ninguém na escola, além deles, sabia. Se articularam, escolheram o local e uma das mães ligou, perguntou, porque a escola nunca fez acampamento, e aí que nós viemos a descobrir, que eles já estavam, praticamente acampados, sem a autorização de ninguém. A gente ri, lógico, mas no momento foram tomadas as devidas providências, os alunos foram repreendidos, porque é algo que, imagine, eles estarem fazendo um acampamento na escola e ninguém ficar sabendo? Imagine, os pais, e até nós mesmos... Então é algo que não é permitido, mas que hoje a gente Olah e vê “Nossa, como eles são criativos!”
Edna: outra situação que foi até a Daniela que relatou, foi o sumiço do carro da Val. A Valderez, que hoje é Diretora de Pirassununga, era Coordenadora do Ensino Médio. E um belo dia ela estacionou o carrinho dela ali na frente e eles fizeram uma força tarefa, levantaram o carro, tiraram do lugar e estacionaram num outro local. Imagine o susto quando nós saímos pra ir embora... Não sabemos como conseguiram, mas conseguiram tanto é o que o carro saiu do lugar. Então é algo assim, que deixou todo mundo aflito e que a gente ficou muito bravo, muito nervoso, e isso não se faz... Mas depois olhando pra trás a gente ri porque é algo que só eles mesmo!
Edna: podemos citar as brincadeiras com extintores de incêndio e não vencia recarregar extintores, quando você via já estava na mão dos alunos, aquele pó branco. Você olhava pra escola tinha uma nuvem branca, porque eles resolviam brincar com o extintor;
Edna: as brincadeiras com os bebedouros, hoje nós não temos bebedouro no andar de cima porque não tinha como, quando você via, aquilo estava uma lagoa, só via água pra lá e pra cá. Parecia uma guerra, literalmente, de água;
Edna: o cavalo do Seu Antônio, do filho do Seu Antônio, que logo no começo da ETEC, nós tínhamos o Seu Antônio que era o nosso caseiro e hoje é nosso zelador, não mora mais aqui, mas tinha a casinha dele que é ali ao lado da sala dos professores e naquela época ele tinha um cavalo, e naquela época, o professor Nilson, que era o Diretor achou interessante permitir que o cavalo ficasse aqui na ETEC, tinha tanto pasto, poucos alunos, na época, poucos cursos... Quer dizer, qual o problema do cavalo ficar hospedado aqui por uns tempos? Entendeu o professor Nilson. Só que o que ele não imaginaria era que o cavalo dividiria o bebedouro com os alunos. Os alunos chegavam pra tomar água lá embaixo, estava lá o cavalo... Então é algo inaceitável, que aconteceu, pitoresco, e tudo mais, mas que evidentemente não pode acontecer.
Edna: outro fato que eu me lembro também é que quando eu era professora do curso de Administração, o Juliano era Coordenador, nós tínhamos os TCCs que eram diferentes do formato de hoje. Hoje você faz um trabalho acadêmico e apresenta com banca e tudo mais. Naquela época, por não ser obrigatório, era uma coisa mais light, e os alunos criavam uma empresa, apresentavam essa empresa para os pais... Então cada grupo criava uma empresa. Então teve gente que abriu loja de imóveis, beneficiadora de arroz, cervejaria e teve uma turma que resolveu abrir um restaurante. Pediram para mim e para o Juliano se eles podiam trazer a comida para os apreciadores degustarem. Ótimo, vai enaltecer ainda mais, tendo uma coisinha para beliscar, e era o TCC. Só que, de repente, nós vimos aquele corredor que vai para a sala dos terceiros, terceiros adm estava interditado, e tinha uma churrasqueira bem no meio da passagem, e o cheiro do churrasco, aquela coisa! Aluno passando pra entrar na sala e o churrasco rodando ali no meio do caminho do corredor, a fumaça era um negócio doido, a gordura, nem se fala! Quer dizer, ninguém tava olhando ninguém o importante era que o churrasco saísse. A Dona Cidinha, que era a Diretora, na ocasião, falou: “Meu Deus, que está acontecendo? Um churrasco em pleno dia letivo, na porta entre o auditório e as salas de aula... Imagine se houve aula... foi “a treva!”. Mas tem muita história engraçada.
Edna: uma que a gente lembra sempre e que acontece todo ano e que a gente fica muito bravo, é a história da “bola”. Todo ano a gente tem que resgatar aluno da “bola do Salim Sedeh”. Eles sobem na bola pra comemorar o fim do curso, comemorar alguma coisa e aí a gente tem que resgatar o danado lá de cima, porque depois fica complicado. Quando a gente vê a criatura lá em cima, já começa a tomar as providências.
Débora: então, agrademos a sua entrevista, o depoimento, a história, com certeza, cada funcionário tem uma história, um depoimento, e agradecemos de verdade. Que a senhora possa sempre exercer sua função com competência e obrigada.
Edna: eu que agradeço e estou aqui. O que vocês precisarem pra enaltecer esse trabalho de vocês que eu acho que é algo que, na próxima entrevista nos próximos grupos, vai ser um relato meu, que um grupo, num determinado momento, resolveu contar a história da escola como ela é, juntando um pouquinho da história dali, uma figura de lá, fotos de lá, algo que vocês foram, realmente, juntando, e que com certeza vai dar um trabalho brilhante. Então nós que agradecemos vocês por estarem se dispondo a resgatar e a mostrar uma história que existe, é bonita, maravilhosa, mas que ninguém nunca se propôs a contar e sobretudo a montar uma cronologia, uma história de vida da ETEC. Vocês estão de parabéns.
Débora: obrigada.

Entrevista – Professores Rafael Orsi e Fernando Rodrigues - 04/05/2010


Rafael: no dia quatro do cinco de dois mil e dez, às oito horas e dez minutos, iremos entrevistar os professores Fernando e Rafael Orsi. Então, daremos início a nossa entrevista:
Rafael: há quanto tempo você está na escola?
Fernando: fevereiro de dois mil e dois.
Orsi: creio que eu tenha entrado na escola em dois mil e quatro. Seis anos que eu estou aqui no Centro Paula Souza.
Rafael: o que mudou na escola desde quando você entrou?
Fernando: recentemente (pegou, né?), mais recentemente o número de alunos e os cursos novos (os cursos técnicos). Quando eu entrei aqui só tinha informática e administração. Logo depois abriu o Design Gráfico que agora é Comunicação Visual e mais recentemente aí o Marketing, né, e agora, ultimamente, o Ensino Médio, que sofreu uma expansão, né (tem um monte de aluno), e agora tá tendo uma nova mudança, né? Vocês tão acompanhando uma nova mudança, tão ampliando o prédio.
Orsi: houve várias mudanças desde que eu entrei, assim: mudanças de direção, mudanças de coordenação, mudanças no perfil dos nossos alunos, mudança talvez até na questão dos próprios objetivos do Ensino Médio. A principal delas, eu acho, foi nessa expansão do número de vagas, passou de quarenta para cento e vinte alunos, e nós tivemos uma mudança no perfil dos nossos alunos. Agora vem aí uma nova mudança, que é estrutural no próprio prédio, que a gente espera que fique bom e funcional.
Rafael: qual é sua expectativa a respeito do ENEM em relação ao aumento de quarenta para cento e vinte alunos?
Fernando: é aumentar o número de alunos que vai... Vai melhor no ENEM, é... Eu acho que a porcentagem vai continuar e o número de alunos vai seguir a porcentagem e vai aumentar, porque os alunos daqui são selecionados e os professores são os mesmos, o mesmo professor que dá aula na escola pública, que dá aula na escola particular, que dá... Dá aula aqui. Então não é questão do professor, é questão do aluno. Então o aluno sempre vai ser interessado. Se acabou, se esgotou o assunto naquele bimestre e o aluno se interessou, ele vai atrás do complemento, né? Então eu acredito que vai... Vai ter uma porcentagem boa ainda de acertos lá, de bons resultados no ENEM e por conta de seguir a porcentagem vai ter um monte de alunos que agora são três vezes mais.
Orsi: tá gravando esse negócio aí?
Davi: tá gravando professor...
Fernando: gra-van-do
Orsi: penso que, em relação ao ENEM, tem que analisar os nossos alunos dentro dessa mudança que houve quantitativa e qualitativa. A mudança quantitativa nós falamos, que aumentou o número de alunos de quarenta pra cento e vinte, e como você tem um universo maior de alunos, você tem um universo que possibilita uma maior diversidade, e acredito que diversidade seja um ponto positivo pra gente. Então algumas expectativas de aumento no número de alunos, acredito que venha também o aumento, uma melhora, no próprio desempenho dos alunos no ENEM. Não que esse seja o objetivo final do aluno, ter que ir bem no ENEM, a gente crê que a verdade quando aumenta os alunos, aumenta essa diversidade, aumenta ou facilita as relações e melhora mesmo o perfil do aluno enquanto pessoa, enquanto cidadão, enquanto uma pessoa que aceita mais a diversidade e aceita mais a presença do outro. Isso pode refletir de maneira positiva na sua visão de mundo, e a gente espera que o ENEM avalie isso também, não é só uma questão conteudista. Quando avalia-se isso os nossos alunos, eles sempre vão muito bem porque além de interessados, eles são alunos com perfil diferente. Quando eram quarenta e agora com cento e vinte, a gente consegue juntar várias classes sociais diferentes e quando você tem essas várias classes sociais diferentes você tem uma integração muito grande. Então acho que isso é interessante, nós não temos casos de exclusão, não tem casos de bullyng,  não tem casos problemáticos, uma crítica que a gente ouve de algumas pessoas é que o aumento no número de alunos traria uma queda qualitativa no nosso desempenho. A primeira coisa que a gente deve pensar é realmente você quando atinge um patamar elevado de qualidade, a manutenção desse patamar elevado é bastante problemático, sair de um ponto inferior e galgar alguns degraus torna-se relativamente fácil, mas quando você está num nível elevado, a manutenção desse nível elevado exige bastante esforço. Agora o aumento dos alunos, eu creio  que não vá dificultar tanto esse trabalho a medida que a gente consegue fazer um trabalho bom com eles, a medida que você continua trabalhando sério, continua tentando manter o respeito na sala de aula, continua cobrando disciplina, continua desenvolvendo projetos e isso traz um reflexo bom pro ensino e desempenho dos alunos.  Então não é o fato de ter aumentado que vai diminuir a qualidade, porque  nós continuamos com quarenta alunos dentro da sala de aula, nós temos três turmas e não uma, mas são os mesmos quarenta alunos dentro da sala de aula, e a gente trabalha com esses quarenta alunos da melhor forma possível, com os recursos que nós temos, e em termos físicos ainda de desempenho dos nossos alunos. A gente vê que apesar de expansão, o Centro Paula Souza proporcionou algumas melhoras também, em termos estruturais, como datashow, material de apoio, agora tem o projeto que a gente espera que dê bons resultados que é o do Click Idéia, que é um portal voltado pros alunos pra poder melhorar o seu conteúdo. Então, a expectativa nossa, em relação (nossa, quando eu falo nossa, eu falo de todo o corpo docente), creio eu que a expectativa de todos é essa, porque todos trabalham pra isso, é a melhor possível, que a gente mantenha a nossa qualidade no ENEM. Não que esse seja o nosso fundamento, ir bem no ENEM, porque tem algumas escolas que sabem que o fundamento delas é ir bem no vestibular e no ENEM. Nosso fundamento não é esse. Nosso fundamento é formar pessoas conscientes e cidadãos ativos na sociedade, mas, se for bem no ENEM, melhor ainda. Essa é a nossa expectativa.
Rafael: fale alguns fatos marcantes na história da escola.
Fernando: olha, difícil viu, porque o mais marcante foi quando eu entrei aqui, porque já fazia um tempão que eu num era novo de novo, que eu num começava numa escola, um sistema, é...diferente de trabalho. Os alunos eram parecidos, mas o sistema era diferente, aqui tem o curso técnico. Eu fiz um curso técnico, mas eu nunca tinha dado aula em curso técnico. Dei aula no curso técnico de cara, porque nem tinha o curso que eu tinha formação pra dar aula. Mas, aqui é completamente diferente (não é completamente), mas é bem diferente das escolas onde eu já tinha dado aula, é diferente a cultura, né. Aqui tem mais homem dando aula, então, não sei se isso influencia, né, não sei se isso influência, porque daí o pessoal vai falar: “ah, mas isso é machismo”, num é, é diferente, e nem vou falar se é melhor ou pior, mas é diferente, né. Apesar disso, todas as diretoras nossas foram mulheres, então não tem nada a ver uma coisa com a outra, antes que alguém já me taca pedra. O que mais? O regime de trabalho, fazia anos que eu não tinha... a minha carteira de trabalho tava mofando, aí ela voltou a ser utilizada, e o aluno, um aluno que te escuta quando você fala. Não foi sempre assim, né, a escola foi mudando, e foi mudando pra melhor. Não é porque tá sendo gravada uma entrevista, porque vai ser veiculado, vai ser publicado, que a gente tá falando isso. Quem deu aula aqui há mais tempo sabe como evoluiu, né? Então a escola melhorou muito. Não sou hipócrita na hora de falar isso não, a escola melhorou muito. No tratamento, no convívio entre nós, os colegas e no convívio entre os alunos. A gente pegou bem essa evolução. Não adianta falar da turma desse ano, da outra, como eu falei em off, né, mas melhorou bastante. Então se eu falar assim que tem um fato marcante, o que mais me marcou foi quando eu entrei. Eu acho que é isso, não teve mais nada de marcante, marcante assim, traumatizante, ou... não acho que foi isso mesmo. Se eu lembrar de alguma outra coisa aí grava de novo né, volta. Acho que é só isso.
Orsi: bom, fato marcante, a gente sempre tenta buscar na memória grandes coisas, e as vezes grandes coisas a gente de imediato não consegue lembrar, até porque se não lembra de imediato é porque não marcou, mas algumas coisinhas que vão acontecendo, que passa pra memória, se são pelo menos engraçadas, que eu me lembro as vezes é que uma vez a gente foi pra Pinacoteca, em São Paulo e, na mesma viagem, duas coisas interessantes. A primeira delas é que a gente saiu e todo mundo em pé, (conferi os alunos, contei todo mundo ao entrar no ônibus), e todo mundo conversando, professor em pé, (fui eu e o Renatão), todo mundo em pé, batendo papo, e blá blá blá, quando resolvi, hora que pegou a pista, tinha passado o pedágio aqui de Leme/Araras, estava quase passando em Araras já, na verdade, aí tinha uma galera, e eu falei: “Vamos sentar”, tinha uma molecada tocando violão, falei: “Galera, vamos sentar porque polícia rodoviária, é perigoso, tal”, e todo mundo começou a se ajeitar, sentar, aí, de repente um ficou em pé, e eu falei: “Meu, você tem que sentar, cara”, e ele: “Pois é, não tem lugar”. Aí eu fui contar os lugares, nós tínhamos um aluno a mais no ônibus, e o que vai fazer com aquele aluno que o ônibus era pra cinquenta pessoas e tinha cinquenta e uma pessoas lá dentro, incluindo os dois professores. Aí eu combinei com o Renatão: “Eu vou em pé, qualquer coisa, sei lá, divide bando lá no fundo, não sei o que a gente pode fazer se caso a polícia para”. Só sei dizer que isso é uma coisa que lembra bem, você conta vinte vezes o mesmo número de pessoas e ali na hora pega o ônibus e vai com um a mais pra São Paulo, voltamos de São Paulo com um aluno a mais dentro do ônibus e um aluno em pé, que  a gente sabe que não pode. No dia até liguei pra cá pra ver se a gente conseguia resolver de alguma forma a questão, por conta disso, mas a gente foi com um certo receio, um certo medo, se a polícia rodoviária para, a gente certamente teria um problema muito sério com todos os alunos, a gente ia ficar com o ônibus até resolver. Felizmente não aconteceu nada,mas foi engraçado. Aí na outra, nessa mesma viagem, eu me lembro que um aluno estava lá (um aluno nosso bastante assim... num sei qual que é o termo que eu posso usar pra ele), e enfim...soltinho talvez. Tem uma placa enorme, vocês já foram pra Oca, né e tem uma placa enorme, “Não Suba Na Oca”, dali a pouco tava conversando com os outros alunos e eu escuto um apito forte do guarda gritando e eu olho, o nosso aluno lá em cima da Oca, ele veio correndo e subiu, tava lá em cima da Oca, a marca dos “pezinhos” dele subindo e o guarda que obviamente chamou a atenção dele e nossa junto né, dos professores, e eu sempre vejo esse aluno pelo caminho aí e acho que, eu lembro desse fato, do camarada que subiu (eu nunca tinha visto ninguém subir correndo na Oca), eu imaginava que até aquela placa era exagero, pra que uma placa, acha que algum espírito de porco vai querer subir na Oca? É, o nosso aluno é o espírito de porco que subiu na Oca... Foi engraçado pelo menos, eu nem liguei pelo xingo do guarda, mas achei engraçado, Depois a gente chamou a atenção dele. Então acho que esses são os dois fatos que me passam bastante pela memória. E um outro fato que marca, é até legal pelo fato da integração com os alunos, eu acho que foi ano passado, eu lembro que a gente organizou aquele festival, e a gente tocou pros alunos, e eu achei que foi uma integração bem interessante o festival de música que nós organizamos na escola, no ano passado. Várias bandas dos alunos tocaram, a gente tocou junto com eles, e eu achei que foi um momento legal , um momento de integração muito boa que marcou, marcou um pouco acho que a nossa história, pelo menos esse começo de história da Escola Técnica.
Fernando: nenhuma escola tem isso. Nenhuma escola tem isso, né? Nenhuma escola de Leme eu acho que fez isso. De Leme né.
Rafael: o senhor procura sempre se atualizar, procurando ganhar espaço na escola?
Fernando: eu me atualizo sim, mas assim, não preocupado com o espaço viu, porque, olha, volto a falar que não sou hipócrita, não to falando bem só porque isso está sendo registrado. O espaço que a gente tem aqui, aqui e na outra escola que eu trabalho, na outra secretaria que eu trabalho o espaço aqui é... É dado á vontade. “Olha, eu quero fazer um projeto”, pode fazer. ”Olha, vai precisar gastar uma graninha”, fala quanto é né, se a coisa estoura, “Opa, num é bem assim”, mas isso é o normal, mas a gente percebe que é bem democrático você quer trabalhar, ninguém atrapalha você. Então eu faço a atuali... Até porque eu gosto né, o ramo que eu trabalho o que eu escolhi, eu não escolhi por acaso, né, eu gosto mesmo, ninguém aguenta, porque dar aula tem a parte pesada, né, tem dia que você estoura, tem dia que... Essa classe não viu o estouro meu, né? Então é assim, então você fala assim: “Ah, mas o professor é bonzinho”, professor bonzinho, professor trouxa  é a mesma coisa (na visão de terceiros, na visão do aluno). A pessoa que sempre concede vai ter que conceder mais, né? Então, entre...a relação entre a direção, a coordenação e os professores não é essa. Ah, tipo assim: “se eu abrir mais espaço, a pessoa vai invadir”, não. Os professores aqui não são invasivos, não gostam de aparecer. Cada um faz o seu trabalho, um prestigia o trabalho do outro, todo mundo bate palma quando tem que bater, elogia quando... Desce a lenha quando tem que descer... “Ó, não deu certo isso aí, vamu mudar”, é um negócio bem aberto. Espaço sempre vai ter, por mais coisa errada, eu já fiz projetos que não deram certos, e nem por isso a escola falou: “Não, agora no próximo também num vamos dar a apoio pra você”. Nunca aconteceu isso. Peguei um, dois, terceira... né, terceira direção, né diferente agora, terceira equipe que eu pego diferente. Nunca aconteceu isso. A gente sempre teve apoio. Teve um tremendo empenho da escola em acertar... a gente percebe que tem um tremendo emprenho da escola em acertar os contratos dos professores, deixar todo mundo tranquilo, “Ó, você pode trabalhar sossegado, que a sua vida funcional tá acertada”, os alunos, eles podem produzir, estudar, assim, com tranquilidade porque todas as condições são dadas, né? Então eu não acho que existe uma concorrente, porque quando a gente fala em buscar espaço, dá impressão de uma concorrência né? Você “Olha, eu quero esse espaço pra mim”, você urina em volta assim e esse é o meu espaço. Não, é... eu interpretei dessa forma, mas eu sei que não é bem assim, mas pra virar isso, numa empresa particular é assim, um quer comer o outro lá dentro, tem um monte de puxa-saco, dedo-duro, toda aquela laia, né, e não existe isso aqui, e se existisse não teria espaço, né, a pessoa não teria campo de ação. Então aqui é um ambiente muito legal, então a atualização que eu faço é antes até (vou tá até sendo um pouco egoísta falando isso), antes de pensar “as minhas aulas serão melhores, as minhas aulas serão...”, não é que eu gosto do negócio, então eu to lendo lá é porque eu gosto do assunto. De repente eu to lendo sobre um assunto que eu nem vou dar aula, e eu me culpo as vezes, “pô, eu vou dar um trabalho, to dando aula sobre um determinado assunto e peço sobre outro”, né, mas é... é dentro da matéria, eu gosto da, da, do que eu faço, né, se eu não gostasse dos assuntos que eu trato com vocês todos, não só inglês, na só artes, né, todos, inclusive os temas transversais que eu to sempre enfiando no meio, que eu acho que é mais importante, repito, é mais (sempre repito porque eu falei isso pra vocês né), pra mim é mais importante o cara ter vergonha na cara do que diploma. Se o cara tem vergonha na cara, ele, sem diploma vai ser uma pessoa melhor. O cara que não tem vergonha na cara, por mim podia trancar a matrícula dele, né, e aqui a gente tem o perfil de aluno bom, perfil de aluno que vai ser um bom cidadão, ou seja, que tem vergonha na cara. Que hoje, o pessoal, (é chique você falar em ética né), eu costumo usar o termo vergonha na cara, que é a mesma coisa. Então a... então na... (os caras estão com papo paralelo aqui ó, os caras estão desconcentrando a gente, ó). Então, eu acho que a, no caso de espaço, não existe essa preocupação, acho que nenhum colega, e atualização é uma coisa natural, eu sinto isso dos professores daqui, todo mundo aqui ama o que faz, e todo mundo aqui ama os alunos, no sentido mais amplo... a gente se coloca aqui como substituto dos pais de vocês, né, então a gente tem uma responsabilidade grande, e a gente assume isso.
Orsi: eu não lembro a pergunta...
Rafael: se você se preocupa em se atualizar, procurando ganhar espaço na escola
Orsi: ah tá... é, eu penso que, a atualização é uma consequência, um caminho natural de todos nós, o tempo todo estamos nos atualizando em alguma coisa, não com o fundamento de ganhar espaço na escola, porque esse ganhar espaço na escola, pode soar de maneira um pouco dúbia, no sentido de você querer se aparecer muito mais na escola, ou de repente de querer ser coordenador, diretor, ou alguma coisa assim. Então eu acho que essa questão de espaço é, na verdade, no meu ponto de vista, uma questão menor. O que seria uma questão mais importante é a sua atualização no sentido da satisfação pessoal de saber que aquilo que você tá fazendo tá trazendo resultado. Então a gente busca, obviamente atualização acadêmica, você vai buscar um curso acadêmico, formações acadêmicas, palestras, faz algumas leituras, só que outras coisas, que na minha opinião são muito importantes e que as vezes passa despercebido por algumas pessoas, não é o caso do nosso grupo aqui, mas a  vezes passa despercebido por algumas pessoas, que é você participar ou ir a uma peça de teatro, uma exposição de arte, uma apresentação musical de música boa, (mas aí também essa questão de música boa é muito relativa), é, mas uma apresentação musical. Isso tudo agrega um valor à sua personalidade, agrega um valor às suas ações, que não é necessariamente um conteúdo disciplinar, é outra coisa, mas na hora que eu to conversando com os alunos, passo tentando falar alguma coisa pra eles, matéria específica pra eles, isso me auxilia, porque eu lembro de algum caso específico, que eu lembro de alguma viagem que eu fiz e possa ajudar na minha explicação, eu posso exemplificar que eu estive lá, eu vi a coisa em loco. Então a minha preocupação em me atualizar ela é acadêmica, é como uma consequência, como um caminho natural de qualquer profissional, que gosta do que faz. Agora essa questão da atualização também, acho que passa por outras coisas que não são necessariamente acadêmicas, não são necessariamente do seu conteúdo disciplinar ali, você tem que saber outras coisas, porque você pode ser, um maior, um ótimo profissional, no sentido conhecimento, só que você ter uma relação interpessoal péssima. Então a relação interpessoal começa a se tornar melhor a partir do momento que você vai agregando valores à sua vida, valores muito maiores do que os valores monetários ou valores que possa ter de conhecimento prático. Valores mesmo culturais, valores outros que você consegue passar de alguma forma pros alunos na própria postura, você tem uma questão... Você não precisa falar nada, sua própria postura as vezes transmite algumas coisas. Então nesse sentido a gente busca atualização sim, também. Então tem duas vertentes. Agora, que essa atualização possa proporcionar um espaço na escola, eu acredito que essa é a preocupação menor, não tenho outra preocupação em buscar outros espaços na escola, até porque, como o Fernando falou, nós temos muito espaço na escola, aqui a gente é muito democrático, qualquer um que possa, ou que queira dar a sua opinião e queira participar e queira propor alguma coisa esté aberto a isso. Então o grupo de professores consegue criar uma sinergia positiva, quando você propõe alguma coisa, todo mundo acaba vestindo a camisa, um dá uma ideia e fala: “Ó”, você vem com uma proposta e de repente ela se vê toda modificada em vários aspectos, porque todo mundo deu um “pitaquinho” ali. Então isso é uma sinergia positiva que a gente encontra apoio, na direção, encontra apoio na coordenação e nos colegas, porque não adianta a coordenação e direção a apoiar e de repente todos os outros colegas não apoiarem. Então a gente encontra apoio nas várias instâncias diferentes e melhor ainda, a gente vê que o trabalho ecoa com os alunos. Aquilo que a gente propõe, começa a fazer, os alunos fazem, você propõe, eles vão atrás, dão ideias, e correm, fazem muita coisa. A gente sempre tem esse espaço, não precisa da atualização em si, pra poder ganhar esse espaço, porque a gente não tem essa preocupação com espaço não, a preocupação nossa mesmo é propor coisas interessantes que as pessoas possam fazer aí. Lógico, as vezes não dá certo, num dá mesmo, propõe alguma coisa que não dá certo, mas melhor tentar e não dar certo do que não tentar (eu penso assim pelo menos), é isso.
Rafael: o que você espera futuramente na escola e em sua carreira profissional?
Fernando: da escola é que continue assim, que seja um ambiente com liberdade e...e que a gente possa trabalhar, trabalhar e desenvolver o trabalho com os outros, que os alunos possam trabalhar também, é... do jeito que a gente tá fazendo. Se continuar assim já tá bom sabe, a gente não sabe o quanto mais dá pra evoluir, porque a gente conhece muita coisa pior, dentro da educação, mais fácil é você conhecer pior. Melhor, aí seria um nível de excelência que também custaria um preço, né e eu não sei se esse nível de excelência traria também um bom convívio, porque, quando você paga, quando a pessoa ganha muito dinheiro, quando o aluno paga uma mensalidade muito alta, aí ele vai... é complicado isso aí sabe, é... o convívio fica diferente a pessoa meio que se sente sócio daquilo, é complicado, eu num me daria muito bem. E o que eu espero do que mesmo? Da minha carreira, ah! Minha carreira... olha bicho, sinceramente eu não tenho, eu não tenho mais como estudar, não dá mais, cursos de atualização, por exemplo, dá pra você fazer um mestrado? Num dá mais, eu não consigo mais. De repente alguém fala: “Não mas dá”, num dá. Do jeito que eu trabalho, num dá. Mas você nunca vai fazer? Na hora que eu me aposentar, se eu resolver fazer a loucura de “agora eu vou estudar!”, mesmo que eu não vá dar aula, mas eu quero fazer, é, esse curso, ah, tudo bem, mas eu acredito que eu não vou fazer isso, então eu me atualizo informalmente, eu vou atrás das fontes, né? Então da minha carreira né, é...continuar fazendo um bom trabalho e ver os alunos (porque o sonho do professor é ver o aluno melhor que ele né, o prof... talvez seja um dos poucos casos que não vai haver inveja daquele que passou por ele, porque tem muito patrão que tem inveja do funcionário, num pode comprar um carro novo que já começa um bichinho a comer por dentro, né, então o professor, ele se sente orgulhoso. Você tá ganhando quanto? Parabéns! A gente fica muito contente, porque aí deu certo, a minha obra é o aluno. Então, eu quero ver mais e mais obras bem feitas aí, que eu me orgulho disso. É isso.
Davi: então tá, fala aí. Tá gravando.
Orsi: então, acho que, o que eu espero da escola? Eu espero que a escola continue a se desenvolver, entendeu? Continue a se desenvolver com qualidade, continue a trazer mais e mais alunos pra cá, de repente de cento e vinte a gente passe aí pra cento e sessenta, pra duzentos, duzentos e quarenta, que a gente aumente os nossos números aí com qualidade, porque acho que esse é o fundamento do ensino público de qualidade, que é conseguir formar bem o máximo de pessoas possível. Então eu espero isso da escola, que ela continue a se desenvolver com qualidade. Está no máximo do que ela pode? Nunca a gente vai estar, sempre pode melhorar alguma coisa, mas é pra isso que a gente trabalha, a gente trabalha que é para as coisas melhorarem sempre, trazendo uma visão empresarial pra escola, já que as instituições públicas gostam disso.  Temos que pensar numa melhoria contínua da escola. Então a gente espera isso dela, que ela esteja melhorando o tempo todo e pra ela melhorar o tempo todo, tudo isso precisa de uma melhora o tempo todo também dos seus profissionais, que vai de todos os níveis, que vai da faxineira, vai da secretaria, vai dos inspetores, do corpo docente, todos, precisam estar o tempo todo evoluindo junto com a escola, então a melhoria contínua de todos é isso o que eu espero pra própria carreira, você conseguir melhorar de várias formas diferentes, mas você poder agregar valor à sua, a sua existência, eu acho que a profissão, ela remete à isso, agregar valor à existência do ser humano, e então eu espero agregar valor à minha existência através da minha profissão. Então pra isso eu espero dar uma boa contribuição aos alunos, não muito além do conteúdo disciplinar, mas uma questão mesmo de valores, que eu acho que deve ser defendidos a todo custo na nossa sociedade, uma sociedade que gradativamente vai se esfacelando de várias formas diferentes e aí a gente tenta contribuir com a própria profissão, pra que esse esfacelamento seja retardado, pelo menos, se não resolvido, pelo menos retardado. Então é isso o que eu espero da profissão, em termos profissionais é isso, agregar valores pra minha existência, porque a profissão, ela é maior do que você trabalhar pra ganhar dinheiro, deve agregar valores, e esses valores que eu espero. É isso.
Rafael: então obrigado pela entrevista professores, até a próxima então, “brigadão”, tchau tchau.
Orsi: falou.

Entrevista: Angela e Juliano - 02/08/2010


Davi: bom dia. Estamos aqui hoje na escola Deputado Salim Sedeh, para entrevistar, a senhora Angela e o senhor Juliano, hoje é segunda-feira, dois de agosto de dois mil e dez, às dez e cinqüenta da manhã, aqui estão Matheus, Márcio, Rafael, Lisiane, Vanessa, Débora e Bruna. Há quanto tempo você está na escola?

Angela: quinze anos.

Juliano: sete anos.

Davi: o que mudou na escola desde que você entrou?

Angela: varias coisas, como exemplo o número de alunos porque a escola passou por uma ampliação de cursos, houve ingresso de mais cursos técnicos e mais oitenta vagas para o ensino médio.

Davi: no começo eram quantos cursos?

Angela: no começo era integrado o técnico junto com o ensino médio (processamento de dados). No primeiro ano uma classe, no segundo duas classes e no terceiro ano três classes no período da manhã e noite.

Juliano: tem até hoje no Centro Paula Souza integrado ainda.

Angela: posteriormente ampliou para Ensino Médio (40 vagas manhã), Informática (80 vagas – tarde e noite), Administração (80 vagas – tarde e noite), Comunicação Visual (80 vagas – tarde e noite) e Marketing (40 vagas – noite).

Juliano: exatamente e Informática para Internet.

Davi: há algum fato marcante que você presenciou e lembra até hoje?

Angela: vários fatos marcantes, mas o principal é o relacionamento carinhoso e o respeito que temos com os alunos e vice-versa. O forte vinculo afetivo que eles têm com a escola sempre procurando a partir dos projetos ajudar a escola e com isso os professores e a comunidade. Os projetos de ações e cidadania e o de parte de comunicação ajuda muito a todos, todos ganham e crescem com isso, professores, alunos, funcionários e a comunidade que estão envolvidos. O relacionamento é o mais marcante, a escola fica mais prazerosa. A época em que estava com os alunos gostava muito de trabalhar com eles, é como um paraíso, e espero que continue sempre assim, essa é a preocupação maior e que esse ambiente bom permaneça por muitos anos nessa escola.

Juliano: bom, a semana de administração, com a noite dos presidenciáveis, com personalidades do meio empresarial, como presidente da coca-cola, presidente da Seller, presidente da Braspress, isso tudo numa noite, isso foi uma construção do professor Adão Baccarin que marcou muito a escola. Também a primeira apresentação de TCC de design gráfico que tem projetos que rondam o Centro Paula Souza, o estado inteiro até hoje, foi a primeira apresentação, obteve uma qualidade excelente, que foi responsabilidade do professor Luis Fernando Beck.  E as semanas, a semana de administração, de informática, comunicação visual, e a de marketing.

Davi: cite uma pessoa de fundamental importância para o desenvolvimento da Escola Técnica.
Angela: uma só?

Davi: pode ser várias, aquelas que você acha importante.

Angela: no inicio da escola, que foram os desbravadores, houve uma pessoa que trabalhou muito. Raquel, ela era coordenadora de informática e ficava junto com o diretor, na época Nilson Sanches, foi muito para São Paulo, foi ela que levantou essa escola. Hoje ela trabalha na Espanha. E depois dando continuidade também nesse serviço veio a diretora (hoje supervisora) Maria Aparecida de Azevedo Martins que, com seu trabalho íntegro sempre nos ensinou algo de proveitoso.

Juliano: eu acredito assim, a força da escola é uma equipe muito unida e a Dona Maria Aparecida, a Andrea Correa e a Patrícia Tost, então são os três pilares da escola que não tem tempo, não tem horário, não tem nada, conhece muito a escola, então acho que elas, nesse tempo, até pelo tempo que elas estão aqui, construíram muito, até a ampliação, que foi trabalho das três contando com o apoio do marido na dona Cidinha, Carlos Martins, com o marido da Patrícia, o Daniel Tost, trabalharam as férias inteiras para conseguir a ampliação do prédio através das plantas, de todo os cronogramas que exigiam a obra então, isso é um dos resultados do trabalho de mais de dez anos, que elas estão aí.

Davi: você trabalha em outra escola? Existem grandes diferenças entre a escola que você trabalha ea ETE?

Angela: trabalho em outras escolas; a diferença existe. Não há o mesmo vinculo afetivo.

Juliano: é tem as diferenças, mas nós temos o privilegio de ser uma escola menor e ser um grupo muito unido e que está aqui há mais tempo, então isso favorece muito o trabalho nosso, mas tem as diferenças sim.

Davi: poderia citar quais?

Juliano: podemos ver pelos indicadores das escolas, o resultado no ENEM, resultado nos vestibulares, a escola técnica está muito bem então, quer dizer, isso faz parte do nosso trabalho.

Davi: qual é a sua opinião em relação as notas no ENEM com o aumento de 40 para 120 alunos?

Angela: é que os alunos tenham uma boa pontuação no ENEM. Penso que não haverá diferença, pois o trabalho comprometido da equipe escolar continua o mesmo.

Juliano: não é a colocação, mas a pontuação, a escola tá bem pontuada, eu acredito, que continue nessa pontuação, e assim, é que falam, trabalhou quarenta, mas a escola aumentou de quarenta para cento e vinte, mas a escola foi muito feliz também porque aumentou o número de professores e esses professores conseguiram captar o clima da escola também, essa vontade, essa paixão pela escola, e a qualidade, eu acredito que está sendo a mesma, então eu acredito que vai ser uma boa pontuação sim.

Davi: há algo que a professora deseja contar para o nosso projeto?

Angela: em mil novecentos e noventa e seis, houve o primeiro evento para a comunidade e a adesão foi muito baixa, pois a escola ainda não era conhecida. Foi com as feiras de ciências que a escola tornou-se conhecida.

Davi: já teve algum tipo de problema entre professores?

Angela: sempre tem, isso é convivência, o saber conviver é algo assim, difícil mas que agente vai conquistando.

Davi: mas e lá atrás?
Angela: não tinha problemas de relacionamento, pois não havia convivência apenas entre os professores, o professor dava aula e ia embora. Existem as diferenças que são normais e cabe a nós aprender com elas, respeitando as diferenças é o saber conviver.

Davi: eu queria agradecer a participação da professora Angela e do professor e muito obrigado.

Entrevista: S. Antônio - 09/08/2010

Davi: bom dia, hoje é segunda feira dia nove de agosto, às oito e cinqüenta e seis da manhã, nós estamos aqui para entrevistar o Seu Antônio, funcionário da ETE há muito tempo já e nós estamos com a Lisiane, Bruna, Natália, Márcio, Débora, Vanessa, Mateus e o próprio seu Antônio, então vamos lá, e eu entrevistador Davi.
Davi: seu Antônio, há quanto tempo o senhor trabalha aqui na ETE?
Seu Antônio: há 16 anos.
Davi: o senhor já trabalhou em alguma outra escola?
Seu Antônio: não, eu só fui caseiro do Mário Zini.
Davi: e o senhor se sente à vontade trabalhando aqui na ETE? Trabalhando como caseiro aqui?
Seu Antônio: muito mais do que em casa, por que eu gosto daqui, eu não vejo a hora de chegar segunda pra mim vir pra cá. Já acostumei, eu considero como uma família aqui.
Davi: o senhor nota alguma diferença com os alunos de antigamente com os de hoje?
Seu Antônio: pra mim é tudo igual, eu tenho amizade com todo mundo, todos os alunos me tratam bem, desde o começo eu nunca tive problema, nem com professor nem com ninguém.
Davi: o que mudou na escola desde quando o senhor entrou aqui?
Seu Antônio: ah, mudou muita coisa, melhorou muito aqui, a limpeza, aumentou mais salas, aumentou tudo, melhorou bastante.
Davi: o senhor tem alguma história engraçada para contar pra gente, algum fato marcante que aconteceu desde quando o senhor começou a trabalhar aqui?
Seu Antônio: ah, não né, tem só as brincadeirada que os alunos fazem, que os primeiros gostavam, só ficavam aonde é que eu tava trabalhando, eles tavam atrapalhando falando bobagem, tinha vez que o diretor ficava bravo com os alunos catava aonde eu tava lá pra baixo
Davi: seu Antônio, como o senhor começou a trabalhar aqui na escola técnica?
Seu Antônio: é que eu trabalhava na prefeitura e mudei pra cá, eu ganhava 200 reais da prefeitura e pagava 150 de aluguel ai a minha mulher trabalhava com a Maria Olga ai o caseiro daqui mudou ai a Maria Olga falou se agente não queria vir morar aqui, daí eu peguei né, ai eu fiquei morando um ano aqui nessa escola fechada, e não funcionava não, eu ficava trabalhando, ai depois a escola começou a funcionar. A primeira diretora falou assim ou o senhor passa a trabalhar aqui com nós ou tem que desocupar a casa, eu falei pra ela “passo agora” (risos) e to até hoje, morei um ano aqui sozinho, isso aqui dava até medo, num tinha, mas num tinha vizinho era só eu mesmo,  se entrava algum malandro ai (ao fundo: e com a escola funcionando o senhor continuou aqui?) continuei, faz só três anos que eu comprei a casa e mudei, mas era caseiro, até três anos  atrás morava aqui, desde 2007 que eu mudei.
Davi: não tem nenhuma história que o senhor pode contar? Que você lembra bem?
Seu Antônio: mas nunca aconteceu nada.
Davi: nem alguma história que o senhor lembra e da risada?
Seu Antônio: só uma vez, os alunos estavam subindo lá (na bola da ETE) e a dona Cidinha mandou ficar de olho.
Davi: mas ela deixou os alunos subirem?
Seu Antônio: não, também não vou fazer isso mais não, tem inspetor pra que?
(Márcio pede licença para o seu Antônio continuar o trabalho.)
Davi: o senhor quer falar mais alguma coisa? Algum agradecimento?
Seu Antônio: eu agradeço a todo mundo né.
Débora: ah tem que lembrar que o senhor é o nosso homenageado.
Davi: é vai ser nosso homenageado, no fim do ano vai lá na nossa formatura receber um presente.
Seu Antônio: no fim do ano?
Davi: é no fim do ano, não vai esquecer hein.
Seu Antônio: agora ta mechendo na aposentadoria, mas só que eles querem que eu fique na firma com as faxineiras.
Davi: quer que você seja contratado?
Seu Antônio: ai eles querem que eu saia do estado.
Davi: uhun...
Matheus: se você for se aposentar você vai continuar trabalhando aqui?
Seu Antônio: se eu aposentar do estado eu vou ter que sair agora. Eles querem que eu fique pela firma e parado eu num fico não, senão eu morro de doente.
Davi: o senhor gosta da escola né!
Seu Antônio: e outra, trabalhando também, em qualquer outro lugar, ficar em casa meu, tá loco.
Davi: tudo o que se ve na escola tem a mão do Seu Antônio.
Seu Antônio: nunca tive problema com os alunos não. De primeiro os alunos eram arteiros, pulavam o muro pra ir na padaria comprar guaraná, “o Seu Antônio, eu vo compra guaraná!” e eu dizia “vai o dinheiro é de você né”,eu vou falar não vai? Uma vez eu fui falar com um aluno e ele falou “ o senhor não manda nada aqui, O senhor não é inspetor.” Eu tive que ficar quieto né.
Davi: olha só.
Seu Antônio: mas isso faz tempo, mais nos primeiros.
Davi: ainda naqueles primeiros, eram todos ruins?
Seu Antônio: teve um dia que um pegou um pacote de Bombril, abriu a tampa da caixa de força, embaixo ali, ponhou debaixo, aquilo explodiu, virou um fumaceiro, ai eu fui lá meio quieto e falei com o diretor que tava lá, ai eu falei pro diretor quem estava. Ai depois pegou todos, o diretor chamou os pais, fez pagar tudo, depois até trocou a caixa.
Davi: nossa, mas acabou a energia toda da escola?
Seu Antônio: trocou a caixa, precisou trocar tudo ali perto do quartinho que eu uso.
(comentários ao fundo)
Seu Antônio: de primeiro a Ângela deixava os alunos subirem em cima pra ver, agora que mudou né.
Márcio: na bola?
Davi: quando era aquela turma de só quarenta alunos?
Seu Antônio: tiravam fotos.
Mateus: esses dias, a tarde agente apresentou pré-TCC, agente ia subir, Eu, o Jonathan e o Josias, ai o Jonathan subiu assim, ele falou: vem que ta aberto, do jeito que eu coloquei o pé pra subir, quando eu estava na escada, o guarda lá debaixo viu.
Débora: ta vendo, se fosse o Seu Antônio, ele não ia proibir.
Davi: verdade.
Seu Antônio: ah não sei de nada.
Débora: mas o senhor já subiu lá né?
Seu Antônio: eu subo direto, eu vou lavar a caixa nesse fim de semana.
Márcio: o seu Antônio se quiser eu de ajuda.
Mateus: é verdade Seu Antônio, agente vai vim um sábado pra vim ajudar o senhor.
Márcio: não tem como o senhor pedir pra Cidinha deixar voltar pra ajudar, ai agente só vem, tira uma foto, ajuda o senhor a fazer o que tem que fazer.
Mateus: de Sábado Márcio, cedo?
Débora: é, e depois põe na apresentação de Slide da nossa formatura.
Mateus: é, o último Slide.
Seu Antônio: fala com a professora de vocês.
Mateus: o Paulo.
Márcio: não, tem que falar com a Cidinha ou com a Edna.
Mateus: Paulo? Você acha? A Edna não deixa, e a Cidinha agente não pode pedir mais nada pra ela.
Seu Antônio: se vocês falarem, um dia que estiver cedo, vocês só vem, tiram a foto e vão embora.
Mateus: ta certo.
Márcio: e se os guardas não estiverem? Ai fica alguém aqui com o senhor?
Seu Antônio: só os guardas.
Mateus: o guarda fica todo dia, só da rolo pra eles se a Edna ver ou alguma coisa acontecer.
Marcio: tem que ser no dia que ta o Marcão e o (...).
Mateus: é, porque foram os outros dois que chingou o Luan e eu.
Márcio: os outros dois não dá
Débora: ta bom, depois vocês combinam.
Márcio: e ta gravando isso daí, olha que beleza.
Davi: tem mais alguma história que o senhor pode contar, tipo essa do bombril ou algum fato que aconteceu desse jeito ou não vem nada na cabeça agora?
Seu Antônio: não, só foi isso mesmo.
Débora: não teve nenhum aluno que fez alguma coisa e pediu para o senhor não acobertar?
(Seu Antônio balança a cabeça acenando não)
Davi: não? Nunca teve?
Márcio: se ele acobertou ele acobertou bem né, porque ele não pode falar.
Davi: não, ele não pode falar mas...
Seu Antônio: não, nunca pediram.
Davi: não?
Seu Antônio: só que eu vi eles pulando, eu não falava nada porque não é meu.
Davi: então já fez muita coisa, digo, já viu muita coisa aqui?
Seu Antônio: o duro foi morar aqui um ano sem ninguém.
Davi: não tinha nem esposa?
Seu Antônio: tinha mas, entra gente de noite aqui, dava medo.
Débora: nunca teve nada pessoas entrarem aqui à noite?
Seu Antônio: nunca entraram, quando eu mudei aqui, aquele cantinho em cima, tava cheio de pacotinho, por isso eu fiquei com medo, mas depois eu limpei e não entrou mais nada, acho que tava abandonado.
Davi: pacotinho de droga? Pra usarem aqui?
Seu Antônio: tava abandonado, o portão ficava só encostado, o caseiro mudou, o caseiro era o polícia, o Lavezzo, roubaram essa casa aqui, quando eu não morava, o Lavezzo morou, arrombaram, a porta ta até rachada uma parte, eles moravam ai e um dia saiu e roubaram, saiu tudo.
Mateus: mora alguém ai?
Seu Antônio: não, agora não, depois que eu mudei não.
Davi: os guardas para ficar na escola.
Seu Antônio: é, pra ficar 24 horas.
Davi: agora eles usa como cozinha né?
Seu Antônio: quando eu morava aqui não tinha guarda, dava medo, o Lavezzo não parava em casa também, vivia saindo direto, uma hora roubaram ele.
Davi: mas então eram dois caseiros na época?
Seu Antônio: primeiro foi ele, depois ele saiu e eu entrei.
Débora: sempre foi escola aqui ou antes de ser escola era outra coisa?
Seu Antônio: quem começou essa escola aqui foi a Coopel, um ano.
Débora: ah, era Coopel?
Seu Antônio: é, quando começou, funcionou um ano de escola depois o Centro Paula Souza entrou.
Débora: mas sempre foi escola? Foi construído pra ser escola?
Seu Antônio: é, eu trabalhei nessa escola aqui cinco meses ajudando a fazer, quando estavam fazendo , de serviço.
Davi: pra construir ainda?
Seu Antônio: oh
Davi: mas então o senhor pegou isso daqui no começo mesmo
Seu Antônio: aqui era um taboa, que era uma lagoa, aqui só tinha duas casas, era uma lagoa aqui.
Davi: o resto era nada?
Seu Antônio: há vinte e poucos anos.
Débora: então é verdade que antes falavam que a escola era um lago?
Seu Antônio: era, era um lago, isso tudo era aterro, ali na caixa d’água do lado de lá da sala da Edna tem uma mina d’água, vocês podem ir por fora no canto da escola e olhar naquela caixa de espia, corre uma bica d’água direto assim, passa aqui dentro, podem ir por fora daquela caixa do canto ou senão na de dentro, também da pra ver que corre uma bica d’água direto, é drenado daqui até lá, que nós drenamos, e no fim trabalhamos pra nada, pagou pelas metades, perdi serviço, dinheiro que emprestei pra outro.
Davi: então é só, nossa turma queria agradecer ao senhor por participar dessa entrevista, por colaborar com nosso projeto e muito obrigado.
Débora: e esperamos que o senhor vá à nossa formatura, receber nossa homenagem.
Davi: seu Antônio, funcionário exemplo da ETE.