Entrevista – Diretora Edna Maria - 23/08/2010

Débora:  bom dia, meu nome é Débora, estamos aqui com a Diretora D. Edna, hoje é dia vinte e três de agosto de 2010, estamos aqui com o Davi, a Bruna e a Lisiane. Dona Edna, qual é a sua principal função aqui como diretora?
Edna: a função do diretor dentro da escola é articular todos os seguimentos, no aspecto pedagógico, no aspecto didático, professores e funcionários, na busca do desempenho da equipe e um bom resultado, em termos da busca do ensino de qualidade. Então o diretor, basicamente, ele tem que fazer executar a legislação, ele tem que permitir e articular a comunidade de forma que nos consigamos trabalhar de acordo com as metas, os objetivos, propostos, tanto pelo Centro Paula Souza, quanto pelas metas estabelecidas aqui na própria escola. Então toda vez que a gente identifica uma situação problema, algo que não esteja tão bom ou algo que esteja bom, mas que possa melhorar, automaticamente o diretor já coloca isso lá no seu planejamento, que é o planejamento da escola e aí são desenvolvidas ações pra que essa situação possa reverter num fato positivo. Então se nós formos resumir a função do Diretor é basicamente articular, organizar e comandar a equipe escolar pra obter bons resultados dentro da escola.
Débora:  quais são os principais fatores ou mudanças ocorridas aqui na escola técnica?
Edna: olha, mudanças, eu digo que acontece todo dia, porque a escola é muito dinâmica, então todo dia nós temos uma orientação nova, nós temos um fato novo e que faz com que o próprio dinamismo da escola acabe incorporando esse fato e que isso comece a fazer parte do dia-a-dia. Alguns fatos que podem ser citados como marcantes nos últimos dois, três anos da escola. O fato de nós termos conseguido autorização pra início das obras de ampliação da escola é algo que tem que ser enaltecido sempre, porque a partir daí que a gente pensa na concepção de uma nova escola no sentido físico (maior, com maiores recursos), e que isso reverta, evidentemente, numa melhoria do ensino. Algo que também pode ser citado, que eu acho é importante, principalmente no âmbito do ensino médio, é que vocês, pelo primeiro ano, em 2009, foi o primeiro ano que vocês fizeram o SARESP, vocês não, porque ainda dão uma turma em andamento, mas foi o primeiro ano em que a Escola Técnica participou do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. Isso também é algo que a gente coloca como algo evidente, e que vocês, a Escola Técnica, mais uma vez ficou dentre as melhores, acima da média das escolas estaduais e acima da média das escolas do Centro Paula Souza. É algo também válido. Outra coisa que nos deixa também muito feliz e que deve ser colocado é o fato de nós termos conquistado o primeiro lugar no ENEM, dentre as públicas e privadas no ano de 2008 e recebemos um troféu do ENEM no ano de 2009 como o primeiro lugar. Esse troféu, se vocês ainda não viram está aqui dentro da secretaria, é um troféu muito bonito que é a primeira colocação no ENEM, que foi uma gentileza do Instituo IBTA que organizou juntamente ao Centro Paula Souza a premiação dessas escolas. Lógico, sempre tivemos bons desempenhos, sempre ficamos entre primeiro e segundo lugar, mas nesse ano de 2009 especificamente, foi feito uma cerimônia, formalizando esses ganhadores e nós trouxemos um troféu pra casa. Algo também que é bom salientar são mudanças que ocorreram na escola em termos de amplitude, hoje nós temos o Ensino Médio com três salas de cada série, até o ano passado foram os últimos quarenta, agora nós somos os primeiros cento e vinte. Ou seja, a própria ampliação do Ensino Médio é algo que, primeiro: enaltece o trabalho dos professores e da entidade Centro Paula Souza. Todos nós sabemos que o Centro Paula Souza é uma autarquia voltada para o ensino profissionalizante e a partir do momento em que o ENEM, os resultados no ENEM, os resultados nas avaliações formais começaram a se mostrar favoráveis, o Paula Souza começou a entender que era o momento de começar a ampliar também os ensinos médios nas suas diversas ETECs. Acho que isso também é um fato relevante. Hoje nós temos três turmas, cento e vinte alunos que demonstra esse reconhecimento do ensino voltado também pro ensino médio e não apenas o profissionalizante. Diante disso aumentou o número de professores, aumentou o número de funcionários, vocês podem perceber, que do momento que vocês entraram aqui em 2008 até agora, vocês viram que a escola cresceu. Fisicamente ela está crescendo, em termos de recursos humanos, muita gente, vocês percebem uma transformação e daqui a pouco estará maior ainda. Esse é um fato importante para nós relatarmos. Nós temos os cursos técnicos, onde muitos alunos são requisitados para os estágios, as empresas, todos os dias tem gente pedindo alunos da Escola Técnica. Isso veio crescendo gradativamente. Há um tempo nós não tínhamos tantos alunos estagiando, talvez porque nós estivéssemos ainda construindo essa identidade em termos de formação técnica. Hoje nós temos um grande contingente de alunos que saem daqui já empregados praticamente, e outros que já saem com a experiência do estágio, porque é difícil para vocês jovens chegar numa empresa e dizerem que nunca tiveram experiência, e o estágio de certa forma possibilita essa fala: “Olha, eu já conheço determinada área porque já estagiei nesse setor”. Acredito então que esse reconhecimento em termos de crescimento e oportunidades dada aos nossos alunos também é um fato que vem gradativamente nos últimos anos se ampliando. Os resultados são sempre bons e nós a cada ano estamos conseguindo superar esses índices. Sempre existe um crescimento, as vezes pequeno, as vezes um pouquinho mais expressivo, mas sempre esse crescimento está acontecendo em termos de avaliação institucional. Esse também é um trabalho gradativo e que tem seus reflexos nos últimos anos. O próprio SARESP, o próprio ENEM, a cada ano nós temos o maior número de alunos que conseguem entrar nas públicas porque conseguem um bom resultado nessas avaliações estaduais, federai, que de certa forma privilegiam aqueles que se destacam. Então se formos pensar nos últimos três anos, um período médio-curto, nós temos esses fatos que destacam, toda essa amplitude, dinâmica que está nos projetando cada vez mais na sociedade lemense e dentro de um aspecto estadual como um todo.
Débora: e há quanto tempo a senhora está na função de Diretora?
Edna: eu estou aqui há um ano e meio, estou na função de Diretora desde março de 2009. Completei um ano agora em março e se Deus quiser a gente fecha até 2012.
Débora:  e como a senhora entrou aqui? Como professora ou como um cargo na secretaria, de que forma?
Edna: eu ingressei aqui no Centro Paula Souza como professora e comecei aqui nesta ETEC. Depois eu fui prestada pra ETEC de Pirassununga, porque lá não existia ETEC. A minha função foi r pra lá pra conseguir conciliar (aqui era a sede e lá era uma extensão). Agora lá já é uma escola própria, mas naquele período eu fui designada pra assumir a função de Coordenadora de Implantação da ETEC. Fiquei lá pelo período necessário, até que estivesse devidamente estruturada, depois voltei pra cá e assumi a Direção da escola.
Débora:  e que matéria a senhora lecionava quando entrou aqui?
Edna: eu entrei pelo curso de Administração, então eu lecionava algumas matérias como Gestão da Produção, Gestão de Materiais, Planejamento Estratégico, e lecionei também no curso de Informática com a disciplina de Gestão de Cidadania e Qualidade e trabalhei com projetos no Ensino Médio também.
Débora: e, na contratação de professores, o que mudou?
Edna: na contratação de professores não mudou nada. Hoje o professor só entra pra dar aula aqui a partir do momento que passe por um concurso público. O que mudou é que hoje nós temos duas fases de concurso: a primeira é um Docente, um concurso que não garante a efetivação do professor. Quando nós precisamos de professor e não existe a aula livre, que é um termo bastante operacional, nós oferecemos a aula em substituição, por exemplo, a mim, Edna, eu sou professora e estou Diretora. Alguém está me substituindo. Mas ele não é o detentor das minhas aulas. Então o concurso público se dividiu, dentre aquele professor que entra pra substituir alguém que está numa função administrativa temporariamente, mas que não cria um vínculo diretamente com a escola. E um outro concurso é onde existe a aula, ninguém é detentor da aula, o professor entra, presta o concurso e automaticamente ele vai. Em ambas as situações o professor passa por uma seleção. Então não existe mudança, existe só critérios diferentes quando se atribui uma aula a um determinado professor.
Débora: a senhora admira a relação entre os alunos e funcionários aqui da ETEC? O que em especial a Escola Técnica tem, qual o diferencial que ela tem pra que haja realmente essa afinidade?
Edna: olha, a relação entre nós (quando digo nós estou me referindo a alunos, professores, funcionários) é algo realmente de ser admirado, porque nós temos um calor humano, a gente pensa em vocês, vocês pensam a gente, e isso só se constrói com muito respeito. A medida em que nós respeitamos vocês e vocês nos respeitam, a gente adquire essa relação de parceria. Então eu digo que hoje, a escola tem uma relação de parceria. Todos são parceiros, todos ajudam todos. Evidentemente que nós não temos o consenso, em algum momento a gente tem divergência, conflito e isso é necessário. Imagine uma escola em que todos concordam com tudo, um fala e outro “amém”... Nós temos os nossos conflitos, nossas divergências, mas esse clima de amizade se constrói a partir do respeito. Então isso é algo que a gente se sente orgulhoso, saber que todo mundo se respeita, se admira e que apesar da gente nunca contentar a todos nas suas particularidades, a gente constrói isso a partir do respeito.
Débora: e agora, conte pra gente alguns fatos engraçados...
Edna: algo pitoresco?
Débora: isso!
Edna: acho que vocês, nesse aspecto, fatos pitorescos, vocês devem conversar com todos os funcionários, tem alguns que estão há mais tempo, temos a Andréia, a Patrícia, desde que a escola surgiu... A Daniela, o Seu Antônio, que realmente é uma história viva da escola, o Seu Antônio. Fatos que nós conseguimos lembrar, mais recentes...
Edna: o acampamento dos alunos formandos de 2008, que resolveram fazer um acampamento mas ninguém na escola, além deles, sabia. Se articularam, escolheram o local e uma das mães ligou, perguntou, porque a escola nunca fez acampamento, e aí que nós viemos a descobrir, que eles já estavam, praticamente acampados, sem a autorização de ninguém. A gente ri, lógico, mas no momento foram tomadas as devidas providências, os alunos foram repreendidos, porque é algo que, imagine, eles estarem fazendo um acampamento na escola e ninguém ficar sabendo? Imagine, os pais, e até nós mesmos... Então é algo que não é permitido, mas que hoje a gente Olah e vê “Nossa, como eles são criativos!”
Edna: outra situação que foi até a Daniela que relatou, foi o sumiço do carro da Val. A Valderez, que hoje é Diretora de Pirassununga, era Coordenadora do Ensino Médio. E um belo dia ela estacionou o carrinho dela ali na frente e eles fizeram uma força tarefa, levantaram o carro, tiraram do lugar e estacionaram num outro local. Imagine o susto quando nós saímos pra ir embora... Não sabemos como conseguiram, mas conseguiram tanto é o que o carro saiu do lugar. Então é algo assim, que deixou todo mundo aflito e que a gente ficou muito bravo, muito nervoso, e isso não se faz... Mas depois olhando pra trás a gente ri porque é algo que só eles mesmo!
Edna: podemos citar as brincadeiras com extintores de incêndio e não vencia recarregar extintores, quando você via já estava na mão dos alunos, aquele pó branco. Você olhava pra escola tinha uma nuvem branca, porque eles resolviam brincar com o extintor;
Edna: as brincadeiras com os bebedouros, hoje nós não temos bebedouro no andar de cima porque não tinha como, quando você via, aquilo estava uma lagoa, só via água pra lá e pra cá. Parecia uma guerra, literalmente, de água;
Edna: o cavalo do Seu Antônio, do filho do Seu Antônio, que logo no começo da ETEC, nós tínhamos o Seu Antônio que era o nosso caseiro e hoje é nosso zelador, não mora mais aqui, mas tinha a casinha dele que é ali ao lado da sala dos professores e naquela época ele tinha um cavalo, e naquela época, o professor Nilson, que era o Diretor achou interessante permitir que o cavalo ficasse aqui na ETEC, tinha tanto pasto, poucos alunos, na época, poucos cursos... Quer dizer, qual o problema do cavalo ficar hospedado aqui por uns tempos? Entendeu o professor Nilson. Só que o que ele não imaginaria era que o cavalo dividiria o bebedouro com os alunos. Os alunos chegavam pra tomar água lá embaixo, estava lá o cavalo... Então é algo inaceitável, que aconteceu, pitoresco, e tudo mais, mas que evidentemente não pode acontecer.
Edna: outro fato que eu me lembro também é que quando eu era professora do curso de Administração, o Juliano era Coordenador, nós tínhamos os TCCs que eram diferentes do formato de hoje. Hoje você faz um trabalho acadêmico e apresenta com banca e tudo mais. Naquela época, por não ser obrigatório, era uma coisa mais light, e os alunos criavam uma empresa, apresentavam essa empresa para os pais... Então cada grupo criava uma empresa. Então teve gente que abriu loja de imóveis, beneficiadora de arroz, cervejaria e teve uma turma que resolveu abrir um restaurante. Pediram para mim e para o Juliano se eles podiam trazer a comida para os apreciadores degustarem. Ótimo, vai enaltecer ainda mais, tendo uma coisinha para beliscar, e era o TCC. Só que, de repente, nós vimos aquele corredor que vai para a sala dos terceiros, terceiros adm estava interditado, e tinha uma churrasqueira bem no meio da passagem, e o cheiro do churrasco, aquela coisa! Aluno passando pra entrar na sala e o churrasco rodando ali no meio do caminho do corredor, a fumaça era um negócio doido, a gordura, nem se fala! Quer dizer, ninguém tava olhando ninguém o importante era que o churrasco saísse. A Dona Cidinha, que era a Diretora, na ocasião, falou: “Meu Deus, que está acontecendo? Um churrasco em pleno dia letivo, na porta entre o auditório e as salas de aula... Imagine se houve aula... foi “a treva!”. Mas tem muita história engraçada.
Edna: uma que a gente lembra sempre e que acontece todo ano e que a gente fica muito bravo, é a história da “bola”. Todo ano a gente tem que resgatar aluno da “bola do Salim Sedeh”. Eles sobem na bola pra comemorar o fim do curso, comemorar alguma coisa e aí a gente tem que resgatar o danado lá de cima, porque depois fica complicado. Quando a gente vê a criatura lá em cima, já começa a tomar as providências.
Débora: então, agrademos a sua entrevista, o depoimento, a história, com certeza, cada funcionário tem uma história, um depoimento, e agradecemos de verdade. Que a senhora possa sempre exercer sua função com competência e obrigada.
Edna: eu que agradeço e estou aqui. O que vocês precisarem pra enaltecer esse trabalho de vocês que eu acho que é algo que, na próxima entrevista nos próximos grupos, vai ser um relato meu, que um grupo, num determinado momento, resolveu contar a história da escola como ela é, juntando um pouquinho da história dali, uma figura de lá, fotos de lá, algo que vocês foram, realmente, juntando, e que com certeza vai dar um trabalho brilhante. Então nós que agradecemos vocês por estarem se dispondo a resgatar e a mostrar uma história que existe, é bonita, maravilhosa, mas que ninguém nunca se propôs a contar e sobretudo a montar uma cronologia, uma história de vida da ETEC. Vocês estão de parabéns.
Débora: obrigada.

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